Dízimo: Além das bençãos materiais

Geralmente, quando ouvimos alguém falar a palavra Dízimo, a primeira coisa que invade o nosso pensamento é o dinheiro, finanças, prosperidade. Esses termos martelam em nossa consciência e nos conduzem a compreender o dízimo, tão somente, a partir de uma ótica materialista, como se fossemos comerciantes e realizássemos uma barganha com o Senhor todas as vezes que damos nossa oferta, em uma relação que se baseia no ter em oposição ao ser daquele que oferta.

Infelizmente, este olhar, nada inocente, é fruto de uma perversa cultura mercadológica, capitalista, de cunho puramente financeiro, que enxerga nos bens materiais a única possibilidade de sermos contemplados pelas bênçãos divinas. Como se as nossas necessidades se resumissem somente à graça material. O Dízimo é, com toda certeza, muito mais que o nosso limitado pensamento ao seu respeito.

O Dízimo precisa causar em nós um efeito singular, especial, reflexivo e transformador, posto que nos propõe ,antes de tudo, desprendimento do nosso espírito, libertação do nosso ser egoísta, mesquinho e ambicioso. Portanto, mais que uma oferta material, o Dízimo é oferta pessoal, interior, capaz de nos convencer, sem dor, da sobreposição do Ser sobre o Ter. Isto é o que há, com toda certeza, de mais perfeito e especial no ato de dizimar!

Diferentemente de uma barganha comercial, Dízimo é reconhecimento que parte de uma compreensão profunda da intervenção divina para o alcance de nossas necessidades a qual utiliza como parâmetro não a quantidade do que foi ofertado, mas sim como foi ofertado, ou seja, os sentimentos, a predisposição e a consciência que precederam a materialização da nossa doação. Por isso, o Dízimo não pode ser compreendido, somente, como esforço material do cristão, mas antes de tudo como oportunidade de auto-oferta.

Somente a partir dessa perspectiva, é possível reconhecer o mar de bênçãos que se derrama sobre nossas vidas a cada segundo do nosso existir, a enxurrada de bens espirituais, traduzidas na paz que experimenta o nosso espírito, na alegria que invade o nosso ser, no abandono dos nossos vícios, na graça da cura física e espiritual, na libertação dos cárceres que dilaceram nossa alma, na realização dos nossos sonhos, tantas vezes julgados impossíveis para os homens, no nascimento de um filho saudável, na conversão de um amigo ou familiar.  Tudo é graça! Tudo é bênção de Deus!

Graças que abrem as janelas da nossa sensibilidade e do nosso entendimento e nos possibilitam compreender e usufruir de forma saudável e desprendida do manancial de bênção materiais que se derrama sobre nós todos os dias para o qual não devemos perder de vista a bússola da nossa vida, razão maior do nosso existir: Jesus.

O dízimo é, portanto, uma partilha amorosa, a devolução a Deus, não daquilo que nos sobra, mas DOAÇÃO daquilo que o nosso coração reconhece como GRAÇA DIVINA que pode se estender ao outro. Desta forma, pode-se afirmar que o dízimo é uma parte de nós que colocamos a, serviço da construção do Reino de Deus para o bem-estar comum.

Busquemos enxergar, então, no dízimo a imagem de um Deus que se doa a nós todos os dias sem nada nos exigir e que deseja apenas que sejamos seus legítimos imitadores, de forma que percebamos a cada oferta as conseqüências da nossa abertura de coração e entendamos no mais profundo da nossa alma o Tesouro que se esconde no ato de dizimar e, assim, nos alimentemos da grandeza do seu sentido e da beleza da sua ação transformadora.


 

Núbia Silva


Filha da paróquia Nossa Senhora Mãe da Igreja. Participa da Comunidade Imaculado Coração de Maria. É ministra de pregação do grupo de oração Cristo é Luz. Está como representante do Ministério de Pregação do setor ¾ da RCC – Renovação Carismática Católica. Escreve livros infantis para evangelização de crianças. Como leiga ama escrever sobre temáticas que fortalecem a espiritualidade cristã.
 

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